Obsessão
Ia
Leve, formosa, segura e sem destino aparente. Passeava erraticamente pelas ruas da cidade olhando a cada passo para o que me rodeava.
Sabia
Mesmo sem objectivo a vida conduz-nos pelas vielas e ruas certas. Caras desconhecidas, curiosas, indecifráveis sucedem-se à velocidade do quotidiano.
Via
Reflexos espelhados em vidros que rodeavam o meu devaneio. Onde tudo se encontra mesmo quando nada se busca e há sempre qualquer coisa para aqueles que passam.
Flutuava
Por entre gentes e espaços mais ou menos apinhados. Por sobre esta cidade que é tão minha, nas calçadas e becos mais desdenháveis.
Mudei
Mudei de ideias e, de novo, me misturei entre as gentes nas avenidas principais deste palco onde todos os dias somos um pouco actores.
Olhei
E de repente percebi o porquê. Percebi porque ia, sabia, via, flutuava e quando mudei o dia ficou mais claro e olhei com olhos de ver.
Parei
Ali estava o meu objectivo, o que me tinha levado a percorrer a cidade sem motivo aparente. Não sabia em consciência mas tudo o que fazemos tem um motivo subjacente.
Encontrei
Entrei
Na loja onde os mais perfeitos sapatos chamavam por mim. (ehehehehehe) Berravam e era como música para os meus ouvidos… “Compra-me, compra-me!”. Afoita fui, experimentei e fiz-lhes a vontade!
Sai
De saco na mão, uns euros mais pobre mas feliz.
Questionava-me
Que raio é esta obsessão das mulheres por sapatos?