2006/04/19

Matar saudades

Contei os dias, as horas e até os minutos
Ensombrei a felicidade com a tua ausência
Teve de ser assim mas não torno a ir sem ti
Não volto a dar à saudade tanto alimento
O hábito das pequenas ausências não ajudou
O som da tua voz lembrava-me mais o suplício
Tinha finalmente chegado o dia
Dizer adeus aos velhos amigos e correr
Correr para de novo abraçar o meu amor
Seis horas me separavam da minha cidade
Mais doze me separavam de ti
Paciência, fui paciente
Afinal nada custa quando já estamos tão perto
O teu sorriso quando chegáste
O beijo e abraço que me deste
Tudo foi apagado, estava no meu lugar
Tinhamos as horas pela noite dentro
Para matar todas as saudades
E assim foi, mas ainda quero mais.



Voltei! E agora vim matar as saudades desta tasca. Beijocas.

2006/04/04

Sangria desatada

Chegou finalmente o dia!

Tanto tempo tinha esperado, que o seu habitual vestido amarelo se tinha transformado num vermelho mais escuro... Que importa? - pensou. Nada, mas mesmo nada, iria assombrar o dia tão esperado. Estava um doce, sabia-o. Perfeita para cumprir o seu destino...

Ah! Finalmente! Engalanara-se no seu fato verde. Já tinha perdido a firmeza de outrora mas tinha os muitos encantos da maturidade... Como iria ser? Será que ia conseguir satisfazer desejos tão especiais? Que sensações iriam provocar aquelas mãos e aqueles lábios durante tanto tempo sonhados?

É hoje o dia! Já estava farta de esperar tanto tempo! Já estava até insegura. Imaginem, insegura eu?! Pensava que nunca mais chegaria a minha vez, sentia-me posta de parte, pensei que seria descartada sem nunca ser escolhida... Sinto-me no meu melhor no meu belo vestido amarelo, perfeito para a ocasião.

Sabia que algo especial estava para acontecer assim que me senti ser escolhido. Temi que o meu casaco meio alaranjado não fosse suficientemente atractivo... afinal, há por ai tantos que preferem o verde e eu já era um tipo maduro. Mas sim, chegou a hora. Intuia que a sua solidão ia acabar... em breve estaria muito bem acompanhado.

Boa! Ainda bem que é agora, estou mesmo na minha melhor forma. Eu sei que o vermelho vivo é a minha cor e que com este bom aspecto vou causar sensação. Livra, sou mesmo bom! Ao que parece os outros já estão a ser convocados mas não temo pela concorrência. Eu sou mais eu, pois então!

Estavam todos a postos. Agora conseguiam ver os seus companheiros. Sim, tinham sido todos escolhidos a dedo. A tensão era notória e o nervosismo de uma primeira vez chegava a ser palpável... Estavam a ser preparados, corria o boato que dentro em breve o alcool iria correr livre por ali. Ainda bem! - pensaram. Vai ajudar-nos a deitar para trás das costas as nossas inibições. Chegou o champanhe gelado... uhmmm... seguiu-se um pouco de vinho branco seco... uau! Umas medidas de triple sec e já estava tudo perfeito! A descontração era já total embora muitos ainda tivessem esperado pelo sumo de frutas para cortar os efeitos do alcool. Aquela era sem dúvida uma ocasião especial. Eles, e mais nenhuns, tinham sido escolhidos! E, na solene ocasião em que se recebem os amigos para jantar, com todo o cuidado e afecto não podia faltar algo especial... Saltou para dentro o açucar, o gelo e a canela. Depois de tudo bem mexido estava pronta a sangria!

Um brinde à nossa e até breve!