2006/09/15

Quando o Amor chega ao fim...

Tenho andado muito seriamente a pensar neste assunto ultimamente. Não, não se preocupem amigos reais camuflados de virtuais que por aqui me visitam de vez em quando, eu e o meu loirinho estamos bem e recomendamo-nos.

Mas assim como há histórias de vida em comum que nos marcam em dada altura há também o final de algumas que nos marcam ainda mais. Aconteceu-me recentemente uma dessas e vai daí fiquei a matutar nesta coisa: o fim unilateral de um amor.

Claro que ninguém tem culpa que o amor acabe, aliás eu costumo dizer que seja eterno enquanto dure e que quando acabar comuniquem com clareza e desapareçam o mais depressa possível. Pois, se calhar (também já mo disseram), tenho uma atitude demasiado radical nestas coisas mas até ver sou assim mesmo e não há nada a fazer.

Também entendo que quando há muitas coisas em comum, fruto de uma relação prolongada, é mais complicado desaparecer da vista um do outro mas, salvo aquelas coisas que se partilham pelo resto da vida obrigatoriamente, acho que o menos doloroso a médio e longo prazo é desatar todas as pontas que podem ser desatadas e o mais rápido possível.

E acho isto colocando-me nos dois papéis. Ora se deixo de gostar de uma pessoa e se a quero deixar, quanto mais depressa poucas coisas me unirem a ela melhor (mesmo que o final não seja dramático), mais depressa consigo em boa consciência voltar a uma vida independente. Se quero reaver a independência, se quero estar sozinha, se quero viver outras coisas quanto menos bagagem carregar melhor. Claro que isto é o que eu penso.

Pondo-me no papel inverso então ainda encontro razões mais fortes para defender o corte das amarras possíveis logo à partida. Se estou com alguém que deixa de gostar de mim, que decide deixar-me para viver outra vida, então (e mesmo que eu não tenha deixado de o amar) prefiro que vá e de vez. Por muito que goste de alguém com chega o “bottomline” gosto sempre muito mais de mim.

Não quereria ter nada em comum com essa pessoa para além do necessário (claro que nos casos com filhos o elo que necessariamente tem de ficar são eles e apenas eles). Acho que iria ser por demais irracional, que não aceitaria atitudes de bom moço, que iria dizer logo “Se queres ir vai mas deixa-me a labita de vez”. Principalmente se ainda gostasse da pessoa. Aliás já aconteceu. Nos primeiros tempos não iria ter estofo, ainda que tivesse muito boa vontade de continuar amiga, de conseguir lidar com a felicidade do outro reencontrada numa vida de “solteiro”. Iria magoar-me e não teria que me sujeitar a tal coisa. A coisa do “Se não é feliz comigo que seja feliz como puder” é algo que a mim me faz confusão. Sim, chegamos, se tudo correr bem, a esse estado mas nunca quando se está debaixo do choque inicial do fim de uma vida em comum. E esse estado de choque pode durar meses ou mesmo anos.

Aqui entra também a parte em que o “outro” devia entender, e por muito desejo que tenha de manter ali uma amizade (talvez um dia mais tarde isso seja mesmo possível), que convivência pacífica e civilizada é uma coisa mas é tortura, para quem foi deixado, ter de um dia para o outro de ser apenas a amiga confidente. Antes há que lidar com a dor, com a tristeza, é um tempo para lambermos as feridas e nada como estarmos afastadas da raiz da nossa dor o mais possível para se conseguir melhorar e andar para a frente. Depois, talvez um dia, conseguir vir a ser a amiga confidente e tudo o mais. Não é que na altura não haja vontade racional de o fazer, mas existe incapacidade emocional que nos permita efectivamente faze-lo.

Podemos esconder-nos sob uma capa de frieza e aparente indiferença, podemos aparentar que estamos bem mas devemos a nós próprios este tempo de luto até estarmos preparados para conseguir lidar com as coisas. O ocultar apenas faz, falo por experiência própria, com que demoremos mais a sarar e com que as cicatrizes fiquem mais profundas.

Pois, quando o amor acaba unilateralmente é tramado. Para todos.

Mas já me alonguei de mais, já exorcizei coisas que precisava extravasar e é apenas uma opinião, uma divagação minha que obviamente vale pelo que vale. E desculpem lá a seca de tão alongado texto...

6 Comments:

Blogger Ana said...

Em primeiro lugar quero agradecer a tua visita ao meu cantinho e espero que voltes sempre.
Quanto aos Donna Maria, tambem os conheci como XL Femme e continuo a acompanha-los sempre nos Templários.

Auanto ao texto... tanto havia por dizer.. de facto, nem sempre admitimos, mas é impossível desejar "toda a felicidade do Mundo" a alguem de quem ainda gostamos e que ainda desejávamos poder ter ao nosso lado. Não vale ser hipócrita e querer dar uma imagem daquilo que não se é... não dá para ser assim tão altruísta! Custa muito e só depois do sentimento acabar e nada mais significar para nós, é que conseguimos desejar essa felicidade.
Este texto lembra-me uma conversa que tive há dias com uma amiga... que perdeu a pessoa de quem gosta e, depois de lhe desejar "felicidades", disse que queia manter a amizade. Só lhe respondi: "Vais ser capaz? É porque não te está a doer assim tanto. Ainda bem."

Beijos

1:37 da tarde  
Blogger João Tomaz said...

A minha ex-mulher não me fala e a única razão da nossa separação foi a perda do amor que eu sentia por ela. Compreendo-a perfeitamente.

2:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quem diria pelicano.

2:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

oi , possivelmente ninguem ira ler isto , na verdade eu nao sei q s passa cmg !

acho q n estou apaixonada, se estou nao deveria estar ! estar apaixonada por uma pessoa q tem mais 20 anos e uma familia seria algo terrivel !

na verdade criamos uma empatia muito grande, fomo nos aproximando e o resultado esta a vista !!

12:49 da tarde  
Anonymous David said...

o Amor é a carência do ser humano.

4:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Amar... é um sentimento profundo quase que impossível de decifrar... Quando ele acaba, mesmo após muitos anos de convivência ele vira amizade, carinho... e é muito difícil de se recuperar... Várias são as tentativas de reconciliação, mas nada funciona, só se desgasta mais, insistir machuca, maltrata, e desrespeita o espaço que cada um tem quer ter para ser feliz... A sociedade criou um estigma de que o casamento é para a vida toda, as doutrinas, dizem que uma alinhança não deve ser quebrada, as pessoas dizem que deve-se sempre tentar... Em nenhum momento pensam: "E ele(a) está feliz ou é feliz? não, ninguém pensa nisso, apenas os culpam por não saberem levar um casamento falido, exceto, se tem filhos, pois, são o grande tesouro de uma relação que um dia foi gerado por amor e com amor... Não culpem ninguém por se separarem, mas, procurem se colocar na alma de cada um... é dificil pra todo mundo que está vivendo este momento... será sempre uma prisão insistir em algo que não tem mais mágia... que não alegra o coração e onde o dialogo virou mera cartilha de economia financeira...

8:45 da manhã  

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