2006/01/04

Traumas

Pois é, acho que está na altura de consultar um psicólogo. Eu não sabia mas descobri que se calhar tenho problemas de infância mal resolvidos (nem que estes tenham sido arranjados só ontem)...

Já me tinham contado a história do meu planeamento (ou seja obra prima à primeira sem esboço ou seja 0 planning) e a minha existência. Esta é daquelas coisas que se perguntam sempre aos pais tipo como é que vocês se conheceram, de onde é que eu vim (para onde vou e o que faço aqui são questões que surgem mais tarde, pois claro.), de onde vêm os Sugus, é verdade que o Nestum cresce nas prateleiras do ACSantos.... enfim estas questões normais. E já tinha a minha mãezinha em toda a sua paciência me explicado tudinho com aqueles floreados epecialmente usados para conversas com crianças cuscas como o caraças tipo eu. Até que as respostas que obtive me tinham contentado. Lá satisfiz a minha curiosidade e cresci para ser uma mulher resolvida e de bem consigo própria (para além de boa e modesta...ahahaha).

Os meus paizinhos tiveram, admito, um papel muito importante na formação da minha elevada auto-estima actual. O facto de ser filha única para mim foi sempre a prova provada de que era boa o suficiente. Estão a ver? Não precisavam de mais nenhum, certo?

Claro que também passei pela idade de querer irmãos (a chamada idade da estupidez). A dada altura embirrei que também queria um irmão ou uma irmã (não, não era para brincar era mesmo para praticar a minha vocação de déspota). Pedi à mãe, tentei chantagear o pai com lágrimas de crocodilo (sim porque as meninas trazem os paizinhos wrapped around their little fingers...) e nada. A minha mãe, imensa na sua sabedoria, limitou-se a por-me perante os factos da vida e deixou-me a decidir se sempre queria reenviar a segunda via do pedido.

Ainda a estou a ver... dizia a minha mãe "Anda cá filha, senta aqui. Então queres um irmão mais novo? Já viste bem depois como vai ser? Depois és a mais velha, a responsável... Vês como a Carla está sempre a apanhar por causa da Andreia? É porque é a mais velha...". Ai eu pensei: "Dasssssssss! Não quero, não quero. Que lindos os meus paizinhos estão preocupados com a minha integridade física..." e respondi "Deixa lá. Tens razão, não vale a pena até porque ia ser uma canseira para ti mãezinha. Ambas sabemos que corro muito rápido e para andares depois atrás de mim para me dar uns cascudos era uma trabalheira. Deixa lá isso, a sério."

Estão a ver? Não tinha mesmo nenhum tipo de problemas com a minha infância. Os meus pais até tinham escolhido não ter mais filhos para se dedicarem só a mim... devia mesmo ser alguém muito especial, certo?

No outro dia, depois de um jantar com a minha nova familia adoptada (que é como quem diz a do gajo) fui para casa a pensar que teria sido divertido crescer numa casa cheia de irmãos como aquela, todo aquele ritual de sermos mais que 3 à mesa despertou-me a nostalgia... Mais tarde conversei com a minha mãe e perguntei-lhe "Então e agora que já cresci não sentes falta de ter tido mais filhos?" ao que ela me responde "Não filha. sabes a primeira coisa que o teu pai me disse quando finalmente me conseguiu ver depois de eu ter penado para tu saires cá para fora foi não vamos ter mais nenhuma, tá."

Conseguem entender o meu recém adquirido trauma? Livra que eles quando me viram decidiram logo que não queriam mais nenhum! Devo ter causado uma grande primeira impressão... e segunda e terceira porque em tantos anos nunca mudaram de ideias...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Deixa lá rapariga, acabaste de ganhar uma irmazinha virtual :)Mas se ter irmãos é fixe, ter irmãos e ser a mais nova é ainda mais fixe (conhecimento de causa) pois somos mimados pelos pais e pelos irmãos. Aprendemos ainda muito com eles, acabam por ser referências (principalmente no meu caso, em que eles são alguns anos mais velhos que eu). Só para dar dois exemplos, lembro-me que do meu irmão aprendi a gostar de música (ainda me lembro de o ouvir a ouvir Pink Floyd e ficar fascinada com aquilo) e com a minha irmã aprendi a gostar e a apreciar arte (ainda consigo cheirar o cheiro das tintas). Por outro lado, a educação que os pais dão aos filhos mais novos é sempre diferente, mais sábia, mais tolerante e mais "suave". Mas isto, cada caso é um caso e acho que ainda te deixei mais traumatizada. Vim hoje visitar o teu blog e gostei muito. Tens muita clareza na escrita e muita lucidez mental. Keep up the good work. I´ll be back.

3:23 da tarde  
Blogger soeumesma said...

Querida mana MW, bem vinda aqui à tasca! Gostei muito da tua visita e fiquei lisonjeada por teres gostado destas parvoeiras que por aqui vou escrevendo. Deixa lá que não me aumentaste o trauma, afinal era trauma de filha única e agora até já tenho uma irmã ;)Beijocas e volta sempre.

3:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Por falar em Sugus, vi hoje à venda essa obra-prima da minha infância... SUGUS DE MENTA!!!! Sim, kilos e kilos de sugus de menta que comi quando era puto. Descobri hoje que também os sugus passaram a ser made in china...

3:24 da tarde  

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